Crônica de uma Amizade

01/06/2020

Somos feitos de estrelas, de estelares.

Quando penso no céu, noite clara de estrelas ou dia azul frio de outono, é de onde sei que nós viemos. Do céu. Como poeiras do espaço, formados lá, no alto do céu. Poeira cósmica, matéria prima da vida, de tudo que habita na Terra e que dela faz parte. Nós, humanos, fauna e flora, ar envolto em nossa atmosfera um dia estivemos lá em cima, perto do sol, perto de Deus. Parte de um todo, uma cadeia de vida e luz, passeando pela via Láctea. Para só então sermos moldados aqui na Terra, alma e matéria. Com água, ar, fragmentos de carbono, e átomos em colisão, e mais pequenas grandes coisas, dentro e fora. In, out. Assim somos, seres únicos e próximos, coletivos, sociais. Alguns muito próximos, mais que seres, talvez mais que irmãos, estrelas gêmeas. Nascemos, crescemos, evoluímos, contemplamos o alvorecer da existência. E até nomes nos deram, também identidades, locais e números. Fomos reconhecidos como Maria, José, Sérgio e João. Claudia, Rita, Marcel, Sylvia, Juliano, Marília, Lu., Olga e Leo. Parecem muitos, tantos nomes, mas tem mais, sempre tem mais um, novo ou velho, mas sabemos, essa estrela também tem nome. Tem histórias de todos nós. Pois são delas, as estrelas, nossas memórias, que ficaram ou ainda completam essa vida, o processo de compreendermos um dia, talvez, vida e morte e lembrança. Arquivos na rede, numa linguagem mais atualizada. E estas memórias, são nosso melhor histórico. Rico, iluminado, de um pequeno ponto na vastidão até nossa grandeza enquanto espécie. Algumas, claro! E onde reside nosso melhor recomeço, percebo ser na amizade. Eterna como as estrelas no céu. Amizades, que transformam a vida, que são a força e a crença de que podemos sim sermos melhores a cada dia e brilharmos, como as estrelas. Mesmo as amizades que não resistiram ao tempo, que mudaram no tempo e no espaço. Tem seu apreço. Porque como as estrelas do céu também tiveram seu começo e seu fim para logo se espalharem pelo espaço, poeira cósmica e recomeçar em outro local, com outras estrelas. Mas essa é uma outra história. Essa aqui é a história de duas estrelas que se encontraram, não sei se antes no céu, ou aqui mesmo na Terra. Que de tão parecidas, quando perceberam, riram. Gostam de frio, gostam de arte, de boa prosa, vinho e de uma outra especiaria, o chocolate. Se encontraram como tinha de ser, um dia, não lembro o dia, sei somente onde e que se encontraram. Já eram grandes, fortes, com sorrisos de quem sabe de onde veio. E o que querem. Venceram batalhas, elas sabiam. Cada uma em um campo, em uma guerra. E pensam, coisa estranha essa da Terra, lutar para ser estrela. E não desistiam, mesmo a noite sendo encoberta, ou as manhãs com céu nublado, não desistiam. Uma apoiando a outra, como as estrelas do céu, uma brilhando junto com a outra. Pois sabiam que brilhar é das estrelas, e sabem até hoje. O brilho de uma é intenso como o brilho da outra, afinal são estrelas feitas da mesma matéria criada no céu. Sendo brilho intenso, sendo parte de algo maior. A vida. Vivida sim como as estrelas, olhando a flor, o pássaro, o gato, o cão, e as outras coisas da vida, também estrelas. Cantam cada umas as suas canções. Uma canta Mamonas Assassinas, e sorri como uma criança, a outra dança Depeche Mode e faz mais um desenho, como criança. São estrelas destinadas a sempre fazer e refazer se for preciso, seja lá no alto, no céu, seja aqui na Terra. Sabem dividir, sabem o prazer que reside em somar, inventar, criar, pois partilhar é das estrelas. Mesmo que as vezes não seja no mesmo céu, ou ainda cada uma no seu céu. O que sabem elas sim, é que também uma é vista pelo céu da outra. E que nessa história aqui na Terra, uma cresceu estrela para ser mãe e produtora. Tem lindas estrelas. A outra sabia desde cedo, quis fazer cor e desenhar pela vida. Uma é a mais antiga, a outra mais jovem. E ambas respeitam sua matéria prima. E lembrando para quem está lendo, elas têm nome também. Nome de menina, nome de menino, pois são estrelas diferentes, iguais na alma e no coração. Elas são Clauba e André. Que de tanto se encontrarem nessa vida e nas outras, creio eu, um dia, espero que se transformem novamente em poeira cósmica. Para lá do alto do céu, se fazerem estrelas novamente e brilharem mais uma vez aqui na Terra. E como último pensamento do dia, como diria o físico brasileiro Marcelo Gleiser[...]"do espaço viemos e para o espaço retornaremos". Obrigado Clauba por brilhar também em meu céu.

"Em uma conversa, dentre tantas que temos sempre que podemos, ou quase todo dia (rs), resolvemos mais uma vez nos unirmos para um propósito. Clauba já estava com um dos seus projetos de produção cultural em construção e eu apenas vim a ser um colaborador. Falar de cinema, coisa que gosto desde pequeno, e Clauba também. Em uma conversa simples, sem críticas ou ofensas, apenas indicar o que assisti ao longo desses anos, algumas dessas indicações ambos assistimos, isso é bem bacana. A conversa é de amigos para amigos, as dicas são para sermos felizes e ficarmos bem e com arte. Nesse momento único, estranho, diferente que estamos vivenciando preferimos trocar as experiências, falar de bom cinema, sem críticas, (isso já tem de sobra no mundo), deixando nossos dias mais tranquilos e fáceis de percorrer. É isso, fica o convite, nos encontramos por aqui a cada 15 dias ou pelo instagram@ac.cultural toda sexta. Abraços e como diz a querida Marília Diaz bjs amorosos a todos! "

Andre Serafim, artista plástico, ilustrador, professor de artes graduado na UFPR litoral (junto com a Clauba) e pesquisador apaixonado por cinema.

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