O PAPO DE CINEMA CONTINUA... parte III
Dia dos namorados... uma excelente data para terminarmos esse primeiro capítulo do papo de cinema.
Na continuação do tema "POR MAIS UM POUCO DE ROMANCE" seguimos nossa jornada com olhos em bons filmes e boas reflexões. Claro, que somente após a escolha das indicações, percebi que muitas delas foram acompanhadas de críticas e mal-entendidos. Enfim, como o cinema está aí presente há mais de 125 anos e vai bem obrigado, nossa missão aqui no site é dividir as experiências que o cinema nos proporciona. Cada um escolhe o filme que lhe convém, e apoiando sempre isso, nós aqui do papo de cinema, optamos por indicar e falar da beleza de sonhar com a imagem em movimento, se tiver alguma crítica, pode ter certeza que virá embalada por uma direção de arte exuberante, cenários de cair o queixo, vestuários, fotografia da melhor qualidade, efeitos especiais e matte painting de mestres e gênios da arte, e claro, roteiros prontos para uma viagem única de sonhos e pela magia do cinema. Assim me deparei com essa pérola de 2016 e novamente com a inglesa Emília Clarke em mais uma brilhante atuação. "Como eu Era Antes de Você" é antes de tudo um filme de temática difícil, e gerou muita polêmica em sua estreia. Fala de tragédia e dor, de valores e decisões, mas também sobre esperança, motivação, amor e decisões únicas e pessoais, as vezes controversas ou difíceis, e por vezes julgadas por todos, em algumas esferas, erradas ou cruéis, sem certo ou errado, pois sabemos no fundo que pertencem somente a nós mesmos. O tema é difícil, dividiu opiniões e envolve mais do que podemos imaginar, família, juventude, vida, indo além da morte, da permanência, da simplicidade de optar por qualquer coisa que alguém possa querer. É acima de tudo sobre o direito de escolher viver ou não. Como e o quanto a vida que é de cada um, e até quando querer ou não continuar. Isso está na narrativa e nas entrelinhas, e bem à frente aos olhos mais apurados. Pois nessa opinião sobre a vida, sempre acreditei que a minha vida é minha experiência, é sobre quem sou, o quanto melhor tentei ser e quem devo ser, mesmo com tantos braços na jornada, ao final dela, será minha e somente minha a viagem final. E essa foi a mensagem que refleti ao longo de 1h 51 min. de projeção. Viva a vida como você acredita ser a melhor, pois ela, a vida, é sua e alcança-la é agora. Não siga o sistema. Seja você mesmo, mesmo o preço sendo alto. Mesmo querendo no fundo d'alma que houvesse um final mais romântico para os protagonistas, a certeza de que não ocorreria é visível, pois, o filme também é sobre a vida real, sobre limitações e escolhas, e que é também o melhor da lição que podemos tirar deste poderoso e belo filme. Afinal, tudo é possível e puro quando se é o que é sem olhar o que o mundo ao redor impõe e quer que sejamos para sermos chamados de "normais" na sociedade. Destaque na produção, as vestimentas da personagem e seus incríveis sapatos, (Olha aí Clauba essa é para você). Acendo as luzes da sala, enxugo as lágrimas, e olhando para o mundo real, penso e sorrio sozinho, tenho a vida mais linda e fantástica que pude receber como presente. O final do filme provoca um sorriso de esperança. Assim o cinema apresenta sua força e suas melhores qualidades, ser uma forma de continuarmos a sonhar com dias melhores.
Deixei para ser um dos últimos este filme, que ainda me provoca o mesmo desaguar em choro igual a primeira vez que vi. Antes de olharmos um pouco mais a fundo gosto de falar sobre a sua parte técnica, simplesmente um arraso. Em 1998, a produção do filme "Amor Além da Vida", contou com o que tinha de melhor em efeitos especiais de ponta e sem sombra de dúvidas o Oscar de efeitos especiais não teve páreo em sua edição em 1999, para um dos filmes mais intensos, belos e sensíveis daquele ano. Tenho de mencionar que em algumas críticas; sempre elas, o filme é nominado por um dramalhão exagerado, para quem ainda não viu, não ouça isso, o filme é nota máxima. Ao contar a história de um amor que ultrapassa o tempo e a vida, com elementos mitológicos e misturando dramas, visual espetacular e excelentes atuações tanto do elenco principal quanto os de apoio, essa produção realmente é um dos filmes mais belos, tristes e poéticos já realizados. Com uma poderosa, intensa, e sensível visão sobre vida, morte e além dela, entre metáforas e mitologia, com um visual arrebatador, é sensível a entrega de Robin Willians e Annabella Sciorra e de uma delicadeza e intensidade pouco vista nas produções atuais. Mas o grande trunfo é com certeza a referência a arte, a obras de gênios como Doré e Bosch, os movimentos como o simbolismo e o impressionismo e principalmente da literatura clássica de Dante Alighieri, "A Divina Comédia "e seus livros "O Inferno", o "Purgatório" e o "Paraíso". A entrega também do elenco de apoio é visível em cena, Cuba Gooding Jr. e Max Von Sydow trazem momentos que marcam essa produção. Um dos filmes imperdíveis e com certeza se acharem dramático demais, as cenas, ou melhor dizendo as cenas criadas como obras de arte em movimento são nota máxima. Vale a pena (re) ver sempre que possível.
Em nossa jornada pelo cinema romântico chegamos ao cinema francês do diretor Michael Gondry, o mesmo de obras imperdíveis e fundamentais do cinema contemporâneo como "Brilho Eterno de Uma Mente sem lembranças", aliás essa também uma grande indicação. Ou sua visão muito bacana, estilizada e super original (também foi criticado) de um personagem de seriado Americano dos anos 40', "O BESOURO VERDE". Mas vamos ao filme indicado, que talvez seja um pouco desconhecido aqui do público brazuca. "A Espuma Dos Dias" de 2013 é adaptado do romance de 1947 do escritor Frances Boris Vian, um livro imperdível para os amantes de leituras fundamentais. A produção é uma fantasia romântica e um devaneio visual, surreal e explosivo em saturação de tons e cenários. A fotografia outro elemento fundamental na narrativa visual. Lembra em alguns aspectos a inserção ao mundo dos vídeos clips da cantora islandesa Bjork pelas lentes de Michel Gondry. Quem lembra dos vídeos para "Human Behavior", "Army of Me" e "Bachelorette" sabe o que falo. A Espuma Dos Dias é literalmente uma viagem e ao mesmo tempo uma graça e uma dor em assistir, a vida as vezes é assim, amor, dor e sonhos. Vale destacar a sutileza das imagens narrativas, é só observar cada cena. A personagem de Audrey Tautou é de uma leveza nesta fantasia colorida, ora um pouco dramática, outras, engraçada. O filme tem uma mensagem que cada um deve tirar pelas imagens e por suas características, mas sem perder a acidez em algumas de suas referências. Omar Sy também se destaca em sua versatilidade em cena. Tudo bem narrado como um conto surreal em imagens, bonito, sensível, triste e bacana. E como final dessa jornada entre romances eternos, fantasias de amor, amores impossíveis e os possíveis também, deixei para encerrarmos com uma produção dos anos 80, mais precisamente 1983.
Catherine Deneuve FOME DE VIVER 1983.
"Nenhum amor humano é para sempre" anuncia o cartaz do filme. Assim embarcamos nesta odisseia gótica sobre imortalidade, amor eterno, vampiros cult, um visual estilizado pela fotografia de Stephen Goldblatt e direção precisa e ousada do diretor Tony Scott, irmão de Ridley Scott. Um filme muito diferente das produções dos 80'. Fome de Viver, do título original "The Hunger", literalmente "A fome", é uma adaptação do livro do escritor norte Americano Whitley Strieber e um dos filmes importantes do diretor, junto aos seus clássicos modernos como "Top Gun" 1986 e "Dias de Trovão" 1990. "Fome de Viver" em seu elenco principal conta com David Bowie, Catherine Deneuve e Susan Sarandon e é uma produção que passeia entre gêneros, o horror, a ficção, o suspense e o romance, tudo para complementar essa trágica e surreal história de um amor que ultrapassa eras, mas sofre com a inevitável finalização após séculos de uma vivência entre sangue, amor, sexo e o passar dos anos com a promessa de eternidade. Ledo engano. A vampira Miriam Blaylock vivida por Deneuve no auge da beleza madura de seus 40 anos, não consegue manter sua promessa de vida eterna, e sofre, quando sabe ter de procurar um substituto para perpetuarem uma vida sem fim, ao menos para ela. A maquiagem é um dos elementos primorosos desta produção e vale uma observação mais atenta no processo do envelhecimento do personagem de Bowie. Com uma trilha sonora única do compositor Michael Rubini, trazendo também a música clássica de Delibes e Schubert. Já na abertura inicial nos presenteia com uma performance da banda inglesa Bauhaus em "Bela Lugosi is Dead "na voz enigmática de Peter Murphy. Uma curiosidade da produção, prestem atenção em uma aparição de um jovem Willian Dafoe em uma única cena. Clássico cult absoluto de vampirismo e um dos melhores filmes deste gênero (para quem está escrevendo, e para quem me conhece sabe que sempre considerei o melhor filme de vampiro de todos os tempos). Vale (re) ver em uma noite qualquer esse filme que é para poucos, visualmente inteligente, ousado, adulto, e com certeza não vai agradar quem procura alguma proximidade com a saga "Crepúsculo". Fuja se não consegue se livrar de filmes mais leves, com erotismo acentuado e abstrato em sua concepção narrativa e visual. É isso, este mês entregamos essa pequena saga, uma viagem por emoções diversas em filmes que falam de amor, de romance, de dramas e felicidade também, é só abrir o coração e olhar com mais simplicidade. No próximo papo tem mais e com muitas emoções prometidas. Beijos.
Andre Serafim, fã absoluto da sétima arte, dos efeitos especiais, e da fantasia no cinema.