O CINEMA E SUAS FANTÁSTICAS NARRATIVAS VISUAIS

15/08/2021

Capítulo 2 - A Arte na Imagem produzida parte III

Assim continuamos nossa viagem vasculhando pelas imagens que o cinema produziu ao longo de sua história em filmes de temas diferentes, mas em aproximação por suas belas e incríveis contribuições para a arte da imagem. Acionamos então nossa máquina do tempo e viajamos aos anos 80 e sua incrível e fascinante obra imagética. Essa é a década que começam a surgir as primeiras inserções no cinema com o mundo digital e da computação gráfica. Claro que devemos citar e lembrarmos que em 1977 "STAR WARS" utilizaria pouco mais de 40s em uma cena na projeção em 3D da Estrela da Morte. Mas foi somente no início da década de 80 que um filme ousou ultrapassar imagem e conceito no hoje cult, TRON da Disney.

E muito tem a se falar do filme, não somente sua importância para a época, mas principalmente pela inovação tecnológica e conceitual na produção e seus principais envolvidos. Mas esse fica para um outro momento. END OF LINE.

Nos 80' o cinema viveria e experimentaria também o melhor do cinema de horror e fantasia. Dentre os aqui comentados separei alguns que tem em seu aspecto visual, de efeitos especiais e de maquiagem o seu ponto forte na produção e revolucionaram a indústria. UM LOBISOMEN AMERICANO EM LONDRES John Landis 1981, GRITO DE HORROR Joe Dante 1981, CAT PEOPLE Paul Schrader 1982, foram obras fundamentais para o cinema e sua evolução técnica realizadas por grandes diretores e tornaram-se cult ao longo de sua existência. Sempre como elemento de maiores destaques na trama, a violência dentro da fantasia, a sexualidade, o erótico e o animal, mitologias, simbologias, e o imaginário fantástico. Entre os dois primeiros filmes, ambos de 1981, maldições de lobisomens são a narrativa e tem em comum as melhores transformações em lobisomens até hoje, por suas incríveis maquiagens, próteses, animatrônics. Hollywood agraciou com o Oscar de melhor maquiagem para Rick Baker, sendo esta mais uma vez, em sua primeira edição, "UM LOBISOMEN AMERICANO EM LONDRES, de John Landis, com uma icônica cena de transformação do personagem em lobisomem. Simplesmente uma das cenas mais impactantes de transformação em lobisomem da história do cinema. Não esquecendo de mencionar que em 2010, o mesmo Rick Baker receberia o Oscar mais uma vez por melhor maquiagem pelo remake do filme "O LOBISOMEM". Arte pura.

Chegamos assim em 82' com o olhar do diretor Paul Schrader que realizou o remake de CAT PEOPLE, baseando-se no clássico "Sangue de Pantera" de 1942, trazendo uma visão mais autoral, de alto teor erótico e cenas de violência estilizadas.

Esse clássico de fantasia e horror considerado hoje cult, "A MARCA DA PANTERA", traz elementos muito bem concebidos para a produção na década. Efeitos Especiais, efeitos práticos, matte painting, animatronics e maquiagem tornando a história um thriller de suspense, horror, fantasia, e muito da parte técnica a cargo do renomado mestre Albert Whitlock. A produção carrega na nudez, nada é gratuito ou apelativo, pois serve à película como narrativa e conceito, aumentando o teor de suspense e violência, revelando o amadurecimento da trama e de seus personagens. O destaque claro fica para a estonteante beleza da atriz Nastassia Kinski. É incrível sua intimidade com as lentes, seu olhar é hipnotizante, belíssimo. E sua evolução na tela, a cena da atriz provocante na piscina noturna é simplesmente avassaladora, e um sempre ator de alto nível Malcolm McDowell, embalaram essa produção mista entre terror, fantasia, mitologia e sexo. Algumas cenas de extrema violência ainda causam boa impressão em sua concepção de efeitos práticos e animatrônics e muito sangue, além das perfeitas matte painting do mestre Albert Whitlock, já na abertura da película ao som da voz de David Bowie na bela, ritualistica e sinistra canção "The Myth". A sua fotografia é outro ponto de destaque revelando uma Nova Orleans em sua mais bela arquitetura, e sua iluminação, outro ponto alto da produção, transforma a película em um mundo possível entre o real e a fantasia. Lembro ainda de quando vi o cartaz de cinema pela primeira vez e o que me marcou foi a beleza da atriz Nastassia Kinski que estampava logo abaixo da imagem a intrigante legenda: " AN EROTIC FANTASY ABOUT THE ANIMAL IN US ALL", literalmente, "UMA FANTASIA ERÓTICA SOBRE O ANIMAL EM TODOS NÓS". No mesmo dia comprei a bela e eletrônica trilha sonora assinada pelo "pai" da Disco music Americana, Giorgio Moroder, e que trazia na voz de David Bowie a canção título "Cat People (PUTTING OUT OF FIRE) ", estava definitivamente apaixonado pelo conjunto da produção. "A crítica da Newsweek disse que Cat People era um filme para JUNG no fundo, e acho que isso é exatamente o que eu queria: a ideia de mito e o tipo de imagens primitivas que estão embutidas em nossos genes", (Paul Schrader).

... continua nas próximas edições. Obrigado e até o próximo encontro no nosso Papo de cinema. 


ANDRE SERAFIM, artista plástico, professor de artes e apaixonado pelo cinema,

 escreve sobre arte e cinema para o site www.accultural.webnode.com


Serafim
Serafim
2020 | arte e cultura sempre!

Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora